Julho marca o início da segunda metade do ano; achei que valia a pena avaliar a experiência até agora e perceber que tendências têm marcado este desafio. Fiquei surpreendida pela quantidade de coisas que fui experimentando ao longo do ano e decidi simplificar esta aventura.
Revisitando os hábitos de 2016
Tal como tinha refletido no final de junho, sinto que ao longo do ano fui tendo e perdendo bons hábitos que por si só já seriam excelentes na melhoria da minha saúde e qualidade de vida. Assim, logo no princípio do mês decidi revisitar todos os meses deste desafio e perceber as coisas em que fui evoluindo ao longo do ano.
O inventário é o seguinte:
- [janeiro] comer 3 vezes por dia
- [janeiro] deixar o carro em casa; usar transportes públicos e bicicleta
- [janeiro] fazer yoga
- [fevereiro] refletir diariamente sobre o ikigai / vida espiritual
- [fevereiro] meditação
- [fevereiro] alimentação é sobretudo à base de plantas, com pequenas estratégias para evitar que se coma demasiado (como o hara hachi bu, servir a comida em pratos pequenos, servir na cozinha e depois guardar a comida antes de comer à mesa, etc.)
- [fevereiro] foco nas relações sociais
- [março] declutering
- [março] dizer “sim” à aventura (“push yourself”)
- [março] um dia por semana sem trabalhar de todo
- [março] cozinhar/levar comida para o trabalho
- [abril] cuidado com o funcionamento intestinal: consumo de água e de pro e prébióticos (comida fermentada)
- [maio] internet reduzida ao mínimo absoluto em casa (desligada por sistema)
- [maio] comer sopa
- [maio] ter sempre coisas/snacks saudáveis no frigorífico
- [junho] ir ao ginásio com frequência
- [junho] comer comida pouco processada
- [junho] comer 50% fruta e vegetais
Confesso que num primeiro momento fiquei surpreendida pela quantidade de coisas em que já refleti ao longo deste meio ano, mas também fiquei um pouco “assustada”, na medida em que já se sabe que a simplicidade e a eficiência andam de mãos dadas, nestas e noutras lides.
No entanto, todas estas experiências me trouxeram algo de diferente, mas igualmente bom.
Assim, decidi alterar esta experiência de um ano saudável para “2 meios anos saudáveis” (o que pode implicar também que a experiência se continua a repetir por mais tempo). A partir de julho vou repetir os hábitos ganhos no mês correspondente à primeira metade do ano (julho=janeiro, agosto= fevereiro, etc.), sendo a expectativa que a evolução da aquisição de bons hábitos será em espiral crescente, e uns hábitos vão contribuindo para os restantes. Espero ainda que o voltar a focar alguns hábitos me faça perceber se eles são de facto bons para mim, ou se fazem sentido na minha vida, ou se devem ser alterados.
Ou seja, em julho, foquei:
- [janeiro] comer 3 vezes por dia
- [janeiro] deixar o carro em casa; usar mais os transportes públicos e bicicleta
- [janeiro] fazer yoga
1. Comer 3 vezes por dia
Esta ideia voltou a funcionar bastante bem para regular o emotional eating. Em vez de 3 vezes por dia.
Esta ideia é boa porque quando consegui fazer isto (em todos os dias em que não estive stressada com o doutoramento), o facto de decidir exatamente que ia comer em 3 momentos durante o dia fez com que estivesse mais mindful daquilo que estava a comer e ajudou a acrescentar algumas técnicas como o adiar do consumo de doces para o dia seguinte de manhã.
A minha opção teve a ver essencialmente com questões psicológicas e de funcionamento pessoal, mas aparentemente há alguns autores que defendem esta opção.
Para mim pessoalmente faz sentido, porque eu tenho alguma tendência para me distrair e começar a comer sem grande lógica ou outro propósito que não entreter-me ou gerir emoções, o que não é especialmente funcional.
Enquanto estive a preparar a defesa do doutoramento andei muito nervosa e falhei nesta tarefa, mas logo após o final da defesa, implementei este hábito com alguma facilidade. Gosto deste hábito.
2. Deixar o carro em casa e usar os transportes públicos e bicicleta
Custou-me imenso fazer isto! Uma pessoa habitua-se ao carro e depois esquece que a vida – especialmente numa cidade não tão grande, mas muito bem servida de transportes – não depende de veículo próprio. Após uma primeira semana em que tive visitas e tive de andar um bocado de um lado para o outro, decidi começar a deixar o carro em casa. No primeiro dia em que fiz isto, consegui esvaziar o pneu da bicicleta quando o tentava encher e acabei por ir a pé.
Com as férias andei também bastante, mas acho que este mês e agosto não são ideias para implementar este tipo de hábitos, porque a rotina é muito diferente do restante ano. Este ano letivo gostava mesmo de conseguir deixar o carro em casa por sistema.
3. Fazer yoga
Continuo a acreditar piamente que o yoga é fundamental e que é o que de melhor posso fazer para a minha saúde. Dito isto, entre saber e fazer realmente… Foi um passo grande.
Optei por não fazer aulas de yoga para já, porque não tenho ainda disciplina suficiente para conseguir fazer um horário específico em dias marcados; em vez disso, segui o conselho de um amigo e comecei a ver o canal de youtube “Yoga with Adriene“.
À parte isso, falhei redondamente na concretização da minha vontade de fazer yoga.
Food journal
Adicionalmente ao revisitar das experiências da primeira metade de 2016, tinha decidido no final de junho fazer um diário de comida.
À semelhança daquilo que aconteceu com a Cait Flanders (onde me inspirei), senti que me tornei muito mais consciente do tipo de coisas que como e fiquei surpreendida pela forma como me começou a interessar mais a forma como a minha comida é preparada e de onde vem.
Então comecei a explorar esta temática através da obra do Michael Pollan (partilho alguns vídeos infra).
Este é um autor de vários best sellers sobre a forma como é produzida a nossa comida e aquilo que (não) sabemos na área da nutrição. Da extensa investigação que este jornalista tem desenvolvido ao longo dos anos as principais conclusões que tem tirado prendem-se com:
- a forma como estamos todos ligados aos outros e ao nosso planeta em toda a sua plenitude (incluindo os microorganismos que compoem cerca de 90% do nosso organismo)
- A necessidade de prestarmos atenção à forma como a nossa comida é preparada, porque isso não só nos afeta através do meio ambiente como pela qualidade dos próprios alimentos de um ponto de vista molecular
- A importância de estarmos envolvidos na forma como a nossa comida é produzida e preparada.
No fundo, e sem estar de todo ligado à área do mindfullness, o que o Michael Pollan defende é esta necessidade de estarmos conscientes, de sermos mindful, no que concerne à nossa comida.
Poderia assim acrescentar a julho alguns hábitos:
- estar tão envolvida com a produção e confecção da minha comida quanto possível
- comprar comida produzida localmente/ir ao mercado/aderir a um cabaz orgânico
- adiar o consumo de coisas menos saudáveis para o dia seguinte (e.g. ao pequeno almoço)
Resultados
Este mês senti-me muito nervosa e stressada por causa da defesa da tese que foi no dia 26 (doutoramento concluído: YEY!!). Recuperei algum peso desde o mês anterior neste processo, mas ainda assim perdi 6,5% do peso no início do ano. Tive algumas dores de cabeça (nem contei, porque enfim, com a defesa, esperava mesmo que as enxaquecas atacassem em força).
Foi extremamente interessante fazer este exercício de voltar ao início, porque eu já tinha tido estes desafios e já conhecia alguns dos obstáculos que se me iriam apresentar. Alguns foram ultrapassados e outros não, mas ainda assim, foi uma experiência interessantee acho que faz mesmo sentido esta estratégia de repetir os achados do semestre anterior.
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