O Processo
No início senti uma grande dificuldade que tinha que ver com as coisas que não faziam parte da lista, mas que faziam parte da minha despensa; tinha na despensa mais coisas do que aquelas que incluí na minha lista (ainda assim construída com aquilo que já tinha em mente).
Dei algumas coisas, mas a maior parte dos itens, acabei por resolver fazendo um grande jantar para amigos ou oferecendo-me para cozinhar algo com esses ingredientes quando ia a jantares em que os convidados deviam levar coisas.
É uma estupidez a quantidade de coisas que compramos para “ter em stock” e que depois até deixamos estragar porque não vemos a data. Uma parvoíce. Continuei a ter coisas na despensa que não faziam parte da lista muito depois de o desafio ir a meio e mesmo estando consciente que as queria gastar!
É curioso, porque esta nossa necessidade de acumular “para o caso de ser necessário” embora tenha um bom fundamento, ultrapassa muitas vezes esse mesmo racional, connosco a acumularmos coisas que na verdade-verdadinha “nem usamos muito” (ou seja, compramos para experimentar ou variar, mas acabamos por não usar de todo).
É algo um pouco similar à restantes coisas que compramos e depois pomos de lado, guardando para uma eventual necessidade, parece-me.
Por causa desta forma de hoarding, acabei por ter muita comida na despensa que precisava de usar ao longo das semanas (quantas latas de cogumelos e feijão pode uma pessoa usar numa só semana? Nem digo quantas tinha armazenado!) e que serviu para eu poupar dinheiro no supermercado, pelo menos nesta primeira experiência de capsule kitchen.
A lista
Vou já confessar que fiz batota com a lista. Fiz a primeira lista com base nos alimentos que achava que consumia e também que já tinha na despensa, sim senhor – mas alterei a lista mais duas vezes do que era suposto, quando me fui apercebendo que havia coisas que eu achava que consumia, mas que realmente nem por isso.
A minha lista “final” foi:
Vegetais
- 1. espinafre
- 2. tomate (todos os tipos e formas)
- 3. cenoura
- 4. cebola
- 5. mistura de vegetais congelados
- 6. algas
- 7. banana
- 8. laranja
- 9. maçã
- 10. outra fruta à escolha (morango, abacate, etc)
Cereais
- 11. pão
- 12. arroz
- 13. massa
- 14 flocos de aveia
Proteínas
- 15. farinha de grão de bico
- 16. sementes
- 17. feijões/lentilhas/grão de bico (alternadamente ao longo das semanas)
- 18. cogumelos (todos os tipos e formas)
- 19. ovos
- 20. salmão/atum (alternadamente ao longo das semanas)
- 21. amêndoas (ou avelãs, nozes, etc.,alternadamente ao longo das semanas)
- 22. queijo
- 23. queijo de barrar
Outros
- 24. chá
- 25. café
- 26. chocolate negro
- 27. compota caseira
- 28. milho para pipocas
Para fazer bolos e afins
- 29. farinha
- 30. açúcar
- 31. manteiga sem sal
- 32. fermento para pão
Condimentos e temperos
Menta, canela, óleos essenciais (laranja e limão), sal, pimenta, alho, mostarda, salsa, gengibre, vinho, azeite, óleo e caril
(exemplos de coisas que mudaram: na lista original tinha pizza congelada e deixei de ter; na lista original não tinha uma secção de “para fazer bolos e afins”)
A experiência
A partir de uma ideia de uma das pessoas no grupo de facebook do Capsule Kitchen, imprimi a minha lista e coloquei alguns exemplares no frigorífico – esta prática por si só foi ótima porque permitiu que nunca me esquecesse de nada importante quando ia ás compras.
Acrescento que se tornou muito mais fácil fazer compras e até decorar preços para saber onde estavam as promoções que valiam a pena.
Ir às compras é rápido quando se sabe o exatamente o que se vai comprar e não se anda a passarinhar a ver as “novidades” e coisas “para experimentar”, há corredores no supermercado em que passo sem entrar, porque não têm nada da minha lista, por exemplo.
O facto de não incluir coisas superflúas na lista também me permitiu poupar bastante dinheiro e ter mais noção das coisas que ia cozinhar (e percebi que fazia menos variedade de coisas do que supunha!).
E agora?
Nos próximos 3 meses, vou adaptar a minha lista para incluir mais itens primaveris e vou fazer uma coisa que a CC já tinha sugerido: vou focar-me em algumas receitas chave e tentar fazê-las perfeitamente, antes de adicionar mais coisas a esse “repertório”. Acho que a principal falha na forma como eu cozinho é que acabo por comer quase sempre pão com qualquer coisa quando estou muito cansada ou não sei o que fazer. Por isso o próximo passo não é sí uma capsule kitchen, mas também uma capsule cuisine.