Relembrando, portanto, aqui a misse decidiu que este ano vai estar sem usar conteúdos audiovisuais durante um ano inteiro (assim esticando a corda ao desafio de dezembro de 2014 de não ver séries um mês inteiro).
Este é o relato da primeira “semana”.
Há hábitos que estão tão entranhados que nem nos damos conta de que estamos a cair neles…
Relato
Embora seja muito mais fácil para mim atualmente controlar a questão das séries, ligo o youtube para ouvir música e acabo por vezes por resvalar para outros vídeos que me aparecem como sugeridos ao lado do que eu estou a ouvir – o que resulta em eu ficar a ver coisas na mesma, indo contra aquilo que eu quero fazer.
Tenho estes hábitos tão enraízados que às vezes nem me apercebo do que estou a fazer; por exemplo, acabo sempre por ligar o youtube para almoçar ou jantar e depois fico agarrada nos clipes que são como as cerejas, que se vê um e se fica logo com vontade de ver mais um ou dois ou três – e assim em vez de uma hora de refeição acabo por fazer duas… Estão a ver?
Por outro lado, há 3 dias fiquei doente e decidi abrir uma exceção total por doença, com acesso ilimitado quer a youtube, quer a séries e acabei por rapidamente voltar a instituir este vício, que resultou em ficar com menos energia e adormecer mais cedo e no sofá de casa (algo que já não me acontecia há mesmo muito tempo). Na altura pareceu-me boa ideia porque eu fico muito deprimida quando fico doente só me apetece “apagar” e dormir, tornando o “ver televisão” como a atividade ideal.
Ou seja: não pode mesmo haver exceções nenhumas, até porque assim, retiro valor à experiência.
Reflexão
Continuo com algumas dúvidas relativamente àquilo que posso ou não considerar como parte do desafio: sinto que preciso mesmo (e acho que tenho uma base racional para isso, não sei se sou eu a querer “negociar” comigo mesma esta dificuldade) de ver alguns conteúdos, como as TED Talks ou alguns documentários. Compreendo que talvez seja eu a tentar contornar as regras perante mim mesma, mas tenho um receio que não sei se é irracional de ficar tanto tempo sem televisão.
Por outro lado, sinto que estou mais consciente e mais mindful, pelo que é possível que me obrigue a trabalhar em silêncio quando estiver a fazer trabalho científico.
Tenho refletido acerca destes cravings e desta dificuldade em fechar a torneira do youtube (porque tecnicamente eu não tenho TV em casa!) e parece-me que isto em tudo se pode comparar a uma dieta, neste caso a uma dieta de informação e entretenimento deste tipo (do tipo fast!).
Resultados da primeira semana (antes da recaída!): em primeiro lugar, tenho a casa muito mais organizada – possivelmente para procrastinar em alguma coisa (leia-se “no doutoramento”) decidi fazer uma mudança radical cá em casa. Está tudo muito mais bonito e arrumado, e pelo menos a minha procrastinação tem alguma utilidade (e é finita).
Aprendi a trabalhar em silêncio. A Marilyn Vos Savant (a pessoa com o QI mais elevado de sempre) defendia que os adolescentes dizem que precisam de música para trabalhar, mas na realidade precisam é de música para não se sentirem aborrecidos a trabalhar. Talvez não concorde a 100% com esta autora, mas sem dúvida que me tem ajudado estar em silêncio e sem poder ver nenhum conteúdo quando tenho de estar a trabalhar.
Sinto que tenho mais vontade de trabalhar e aos poucos estou a redescobrir o entusiasmo pela escrita (neste caso a escrita científica e de reflexão acerca de conteúdos – afinal de contas PhD significa “philosophy doctor” 🙂 )
Sinto que reflito mais acerca das coisas que acontecem na minha vida mas também mais em conceitos abstractos.
Sinto-me mais ligada às pessoas à minha volta e mais ligada à minha vida.
Surgem-me na mesma dores de cabeça mas é menos frequente.
Por outro lado percebi que rapidamente caio de novo neste vício (e admito que só pode ser um vício para ser assim tão poderoso) .
Medidas corretivas esta semana:
- arranjar um novo website para ouvir música, para evitar completamente abrir o youtube (soundcloud…? E mais?);
- desligar a internet quando saio de casa para evitar abrir distraidamente o youtube quando chego (assim poupo energia e evito este comportamento);
- Ter como objetivo apenas esta semana de não usar *de todo* conteúdos audiovisuais (e tentar fazer a coisa de semana a semana, para poder ir ajustando e lidando como tal receio irracional).
Grooveshark e boa sorte!!! 😃
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Grande ideia!! Obrigada!
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